20130424

.we'll need you to build a castle.

Há diversos tipos de mudanças.
Há mudanças das boas, das planejadas, daquelas desejadas há longos períodos de tempos.
Há uma certa mudança que até ela acontecer tu mesmo mudou tanto que a mudança em si nem é mais tão mudança. É resultado.
Sabe aquelas mudanças internas de estado de espírito enquanto tu muda a vida?
São aquelas mudanças calmas como as fases da lua para a maré cheia.

Mas há, sim, tipos e tipinhos de mudanças.
E há aquele certo tipo de mudança que vem para arrasar tua vida.
Há aquela mundaça que vem pra bagunçar tua estabilidade.
Ela simplesmente corre como ventania destruindo toda paz que encontra pela frente.
É aquela mudança inesperada, aquela que chega sem pedir permissão nem avisar.
Sabe aquela mundaça que invade tua casa, senta no sofá e espera um café passado?
Há um certo tipo de mudança que te obriga a mudar mesmo quando tu quer temperança.
Tu está naquele dia ensolarado de primavera e então, eis que não mais do que de repente, a mudança te liga e diz: É agora, babe!
Ela não te dá chance de mudar. Ela te chuta. Ela te espanca. Ela te muda sem nem perguntar.
Ela molda teu novo caminho antes mesmo que tu pense em caminhar.

Esta, meu amor, é a mudança de Shiva.
É a mudança da destruição.
É a mudança da devastação.
Esta mudaça é aquela que não deixa rastros. Deixa marcas profundas de unhas nas paredes na vã tentativa de permanecer no mesmo lugar.
E esta mudaça, babe, é aquela que força teus olhos se abrirem a todas as mudanças que tu deixaria passar.
São essas doloridas mudança as que tu realmente precisa na tua vida.
Shiva, babe, só destrói o velho hábito para construir um novo.
Shiva só destrói tua casa para que tu possa olhar as estrelas.
É dessa abrupta mudança violenta e inesperada que surge, sempre, o mais lindo e valoroso sorriso no final do dia.
E quando muda teu mundo, meu bem, tu já pode chamá-la mundança.

20130316

It's easier when I am alone but, I get so lonely without you.


Depois de algum tempo, chega aquele dia crucial que tu resolve subir um passo no relacionamento.
Tu entende que já passou um certo tempo dos pequenos descobrimentos e que as vidas, que estão seguindo esses caminhos paralelos, podem ser um pouco mais entrelaçadas.
Dai, por insegurança mesmo, tu passa uns dias treinando todas aquelas coisas que tu sempre quis dizer mas não disse porque ainda não era o momento devido, não era o tempo correto, não era a lua certa de compartilhar tua história assim, tão abertamente assim tão subtamente.
Não era.
Ainda não é.
Mas tu faz que seja por que tu quer que seja agora.
Internamente tu coloca um ponto final no meio da frase e resolve ser poeta da própria vida.
Repete tua própria história mil vezes, em diversas cores, diferentes contextos e milhares de olhares, como se tu quisesse te desvendar pra poder te explicar melhor.
Revive todos os momentos importantes que fermentaram essa característica tão exclusivamente tua.
Relembra cada exato segundo que as maiores cicatrizes da tua história se rasgaram na tua pele.
Repensa todas tuas incertas escolhas que te fizeram chegar até aqui.
Reedita cenas pornograficamente censuradas e sentimentos evitados.
Então lá vai tu seguir esse trilho, vai pra luta da vida com tua vida sem escudos.
Entra numa guerra que tu não quer ganhar.
Entra numa guerra que tu quer compartilhar.
E em menos de cinco minutos tu lembra que há certas coisas que não precisam ser ditas.
Ou porque são irrelevantes ou porque são tão relevantes que já não fazem mais nenhuma diferença.
No amor, na dor e na guerra, a história que se carrega é só apenas mais uma história que se carrega.

Saudade.

20130203

Há coisas que não se resumem.


São exatamente 22 horas no andar de baixo do puteiro da Scotch House, Scotch Quay, Waterford, República da Irlanda, Europa, Mundo. Acendi uma vela para meus Orixás e fiz um chá com leite pra não esquecer que estou do lado da terra da Rainha.
Se fosse filho, este post estaria no tempo certo de nascer. Faz 9 meses que não ponho meus dedos loucos nesse blog. E sim, tenho mil desculpas para isso. E sim, dentre essas desculpas, algumas são verdades um tanto difíceis de assumir.
Mas né? Quem é que veio aqui me ler pra saber de coisas ruins? Ninguém!
Eu rodei uns mundos por ai e vim parar aqui, na quinta cidade mais populosa da Irlanda. Na cidade mais antiga, o primeiro porto construído pelos ruivos vikings barbudos. A cidade ensolarada do sudeste irlandes que foi fundada aproximadamente 600 anos antes da terra Brazilis ser descoberta 'por acaso' pelo Cristovinho e sua trupe.
E sim, tem um bordel no andar de cima do meu apartamento! Eu e meu flatmate achávamos que os vizinhos eram ninfomaníacos até descorbrirmos a verdade. O mais engraçado de tudo é que nunca vi as moças nos corredores! Acho que é tipo um puteiro russo com escravas brancas sexuais sequestradas na América do Sul. Mas não vou me meter nessas tretas ai. Melhor ter a máfia russa como vizinha do que como inimiga.

-------------o-------------

Bem, eu comecei a escrever este post há uma semana e hoje (domingo de grenal) continuo, depois de ter procrastinado o dia todo escrevendo atrasadamente um monte de emails resumindo minha vida por aqui. Um deles, o último, será copiado, retocado e publicado para maiores (e menores) esclarecimentos. 



Tô ainda engrenando na vida de estudos de novo, meu final de ano foi foda! Tipo, passava 12 horas na biblioteca! Loucura geral e total na Ilha Verde da magia! Tô ainda aperfeiçoando o inglês e não tô 100% fluente! Mas estou melhor a cada dia e feliz com o que sei. Se pegar tudo que estudei na minha vida inteira, desde colégio, uni e cursinhos aleatórios, nao dá metade do que estou estudando por aqui - generalmente falando!! Estou sofrendo por falta de emprego, falta de grana, falta de paixões avassaladores, mas estou contente por estar sendo responsável (na maioria das vezes) na facul, estar aprendendo a economizar de verdade e por não estar perdendo tempo com cara mané. Faço comida regularmente, bebo regularmente, me exercito regularmente, medito regularmente e faço merda esporadicamente. Às vezes me canso por minha vida estar tão boring, mas acho que isso é ser adulto, né? Ainda tenho crises existenciais com marketing/ publicidade, comigo mesma, com meu futuro e com meu passado. Ainda tenho dúvidas sobre o que fui, o que quero e o que farei de agora em diante. 
Mas nunca estive tão certa de muitas coisas do que fui, do que quero e do que farei de agora para sempre.Estou feliz com as mudanças internas que costumam refletir na cor do meu cabelo. Sempre gostei de trocar de roupa, de pele, de ser camaleoa. Mas como a vida não é só sorrisos ou orgulhos loucos, estou triste também. 
Estou triste por acordar sem gente espalhada pelo chão da minha sala. Estou triste por não ter minha família nos almoços de domingo. Estou triste por não poder tomar um sucão na lanchera. Estou triste por não poder ir ao estádio quarta-feira 21h45 e sofrer vendo um empate mirrado com o Vasco ou Avaí. Estou triste por não ver a vitória certa do Celtics contra tudo e contra todos. Estou triste por não poder ir no pub da esquina onde conheço até o marido da irmã do cantor das segundas-feiras. Estou triste por não ser aquela amiga que é chamada na madrugada pra um conselho amoroso. Estou triste por não conhecer nenhum sinuqueiro de plantão. Estou triste por esse minúsculo mundo ser tão grande e por ver que a distância às vezes não é dominuida pela internet. 
Estou triste de saudade, duma saudade que dói no peito e faz cósquinha no nariz. Mas sabe? Essa tristeza me alegra (e muito) no escurinho da noite. Por que no final das contas eu não estou triste de verdade. Só estou saudosa de umas certas felicidades que estão ali na Escócia, na França, na Suiça, no Brazil e no Rio Grande do Sul e que ainda não estão por aqui. 
Mas uma das coisas que eu aprendi nessas andanças pelo mundo é ter paciência, sabe? Essas pequenas felicidades virão. Aqui ou na próxima cidade, não importa. O importante é que elas virão. E eu nunca gostei do estático, babe, e nunca gostarei.  O que seria da vida se todos os momentos fossem alegres e se todas as rosas fossem vermelhas? Talvez seria essa vida adulta boring e sem graça onde não valorizamos aqueles pequenitos prazeres do amor e da amizade que fazem a gente sorrir sem nenhum motivo aparente. Ou talvez seria aquela vida onde tu não tem tempo de ver nuvens de coração no caminho de volta pra casa.