Um chá.
Um jazz.
Um computador.
Uma paixão.
Uma saudade.
Um friozinho na barriga.
Uma semana.
Hoje começa a saga dos últimos momentos da minha longa ida ao desconhecido.
Tirando todo o lado romântico saudosista do texto, é só mais uma carta de despedida.
É só mais um adeus.
Dos muitos que dei nesses últimos meses. Nove pra falar de números.
Olhando pra trás, parecem 9 dias. Pelo tamanho da saudade, parecem 9 anos.
E tudo parece que foi ontem.
Parece que foi ontem que achei que o mundo era pequeno.
Parece que foi ontem que não deixei meus pais verem minhas lágrimas no aeroporto.
Parece que foi ontem que engoli um misto de medo, nervosismo, ansiedade, um embrulho no peito e uma festa de borboletas no estômago ao embarcar na viagem mais longa já feita por uma flor.
Parece que foi ontem que cheguei em Glasgow e o taxista foi conversando comigo todo o caminho e a única coisa que eu entendi foi 'Angelina Jolie e Brad Pitt estão aqui'.
Parece que foi ontem que entrei no Toolboth e uma gordinha simpática veio me chamar pra sentar com suas amigas e eu recusei por que não sabia falar inglês.
Parece que foi ontem que não tive onde morar e chorei pela primeira vez no canto do quarto de tristeza .
Parece que foi ontem que fiz meu primeiro amigo. E o segundo, o quinto e o décimo sétimo.
Parece que foi ontem que me odiei profundamente os espanhóis. Depois os franceses e depois os ingleses.
Parece que foi ontem que aprendi amar os espanhóis. Depois os franceses, mas nunca os ingleses.
E parece que foi ontem que achei que o mundo era enorme.
Parece que foi ontem que comprei uma capa de chuva de sapo infantil e passeei pelo interior da Escócia sem medo do ridículo.
Parece que foi ontem que eu me vesti de bruxa e tentei enfeitiçar a saudade mas acabei enfeitiçando a dor.
Parece que foi ontem que me apaixonei e achei que meus planos iam mudar assustadoramente.
Parece que foi ontem que me desapaixonei porque no fundo nenhum plano havia mudado.
Parece que foi ontem que reencontrei uma amiga que parecia que não via desde antes de ontem.
E parece que foi ontem que meus planos resolveram se mudar sem me perguntar.
Parece que foi ontem que chorei, no canto da sala, mais uma vez, de tristeza.
Parece que foi ontem que achei que o mundo era injusto sem entender que o mundo só me dá o que eu peço.
Parece que foi ontem que um novo caminho se desenhou perto de mim e eu descobri uma parte de mim que não sabia que realmente existia.
Parece que foi ontem que me apaixonei de novo.
Parece que foi ontem que dancei como se ninguém me olhasse.
Parece que foi ontem que meditei, recebi massagem tântrica, cura xamânica e enlouqueci sem uma gota de droga nenhuma.
Parece que foi ontem que comecei a preferir visitar mosteiros do que bares.
Parece que foi ontem que senti a dor da despedida.
Parece que foi ontem que entendi que o ontem estava acabando.
E parece que foi ontem que percebi que o mundo é grande o suficiente pra me fazer ir mas pequeno o bastante pra me fazer voltar.
Estou indo de volta pra casa.
E parece que está amanhecendo o amanhã.
20120402
20120301
EU CORAÇÃO BCN
Então os planos mudaram. Outra vez.
O que era pra ser um ano, virou seis meses.
O que era pra ser um complemento, virou quebra.
O que era pra ser sonho, virou realidade.
A regra é simples: não se apaixone, guria. Mas a regra (como sempre) já era.
Completei três semanas de Barcelona e tenho que admitir que essa cidade é incrível. Arquitetura, paisagens, opções culturais e gastronômicas. Diversidade. Diversidade, multiplicidade, pluralidade, cidade.
No início, meu primo e namorada riam de mim quando eu dizia que tinha me perdido.
~ O que tu fez hoje, Márgara?
~ Ahh eu tentei ir no Parque Guell e me perdi. Acabei achando o Museu de Arte da Catalúnia e uma padaria marroquina.
Mas acho que depois eles entenderam que uma das melhores coisas pra se fazer aqui é se perder. É se perder nas vielinhas da Ciutat Vella e achar uma casa de chá no Born. É se perder indo pra praia e achar um antigo estádio de touradas. É se perder na rua paralela de casa e achar um hospital desenhado por Gaudí. É se perder e achar o que tu não sabia que procuravas.
Barcelona tem me feito isso. Tem me mostrado alguns caminhos novos, diferentes, loucos, trabalhosos. Tem me mostrado caminhos esquecidos, postos de lado, escondidos ou até mesmo aqueles que eu apenas deixei de trilhar. Barcelona é mágica pura. Não, não tem um cara tirando coelho da cartola em cada esquina. E não, não vi duendes com gorros verdes nem fadas vieram me jogar pózinhos brilhantes que me façam voar.
É uma sensação muito louca, estranha e maravilhosa sair a caminhar sem saber o que vai encontrar. Esses dias encontrei comigo mesma, sentada na beira da praia, lendo sobre fotografia e ouvindo Nina Simone. Fechei meus olhos e tive uma conversa séria sobre esses caminhos tortos. Guapa, tá na hora de parar de te perder de mim. Decidimos ir no bairro Gótico tomar uma caña para aprofundarmos o assunto. Sempre é bom sentar consigo mesma pra um papo. Conversamos, trocamos sorrisos, telefones e disfarçamos o rímel borrado no banheiro. Fomos pra casa juntas. Há tempos que não fazíamos isso.
Na manhã seguinte, recebi um email de uma amiga que amo que acabava assim:
Óh, aproveita o mundo aí e volta. D´us fez a gente nascer em determinado lugar não por acaso, ué! Que história é essa de ficar mudando o destino, brincando de D´us? É aqui que estão tuas raízes, tua família e teus amigos.
Foi bem num momento que tenho pensado muito sobre as coincidências da vida. E certamente, isso não foi uma simples coincidência. As coisas, babe, não acontecem por acaso. Não é por acaso que os planos dão errado. Não é por acaso que os planos dão certo. Não é nada por acaso. É tudo uma conspiração divina e mágica como resposta ao que tu mesmo perguntou. Ação. Reação. Ação de novo. Reação de novo. E tchê, não tô falando que o barbudo lá em cima, sentou em seu troninho voador nas nuvens de algoodão, bateu um papo com Gsus tomando vinho e decidiu que tu ia passar mal com a nega maluca estragada que tava na geladeira. Muito menos que as três velhinhas cegas largaram o mate pra tecer tua certeza momentânea de trair a mulher que tu amava. Não. E tu sabe muito bem disso.
No entanto, falarei sobre isso outro dia. Preciso ir pra rua, pro sol, pra areia, pra grama, pra vida. Ando preferindo sentar na praça ou na praia pra ler, escrever e me ouvir. Mesas, cadeiras, copos quebradiços e olhares barulhentos tem me incomodado um pouco. Talvez seja porque preciso de mais espaço para mim. Talvez tenha enjoado do sorriso fácil do balcão. Talvez porque tenha descoberto um caminho mais fácil de me encontrar. Talvez e talvez não.
Há muito caminho pela frente.
Ainda tenho muito onde me perder.
E quem sabe um dia eu consiga me achar.
O que era pra ser um ano, virou seis meses.
O que era pra ser um complemento, virou quebra.
O que era pra ser sonho, virou realidade.
A regra é simples: não se apaixone, guria. Mas a regra (como sempre) já era.
Completei três semanas de Barcelona e tenho que admitir que essa cidade é incrível. Arquitetura, paisagens, opções culturais e gastronômicas. Diversidade. Diversidade, multiplicidade, pluralidade, cidade.
No início, meu primo e namorada riam de mim quando eu dizia que tinha me perdido.
~ O que tu fez hoje, Márgara?
~ Ahh eu tentei ir no Parque Guell e me perdi. Acabei achando o Museu de Arte da Catalúnia e uma padaria marroquina.
Mas acho que depois eles entenderam que uma das melhores coisas pra se fazer aqui é se perder. É se perder nas vielinhas da Ciutat Vella e achar uma casa de chá no Born. É se perder indo pra praia e achar um antigo estádio de touradas. É se perder na rua paralela de casa e achar um hospital desenhado por Gaudí. É se perder e achar o que tu não sabia que procuravas.
Barcelona tem me feito isso. Tem me mostrado alguns caminhos novos, diferentes, loucos, trabalhosos. Tem me mostrado caminhos esquecidos, postos de lado, escondidos ou até mesmo aqueles que eu apenas deixei de trilhar. Barcelona é mágica pura. Não, não tem um cara tirando coelho da cartola em cada esquina. E não, não vi duendes com gorros verdes nem fadas vieram me jogar pózinhos brilhantes que me façam voar.
É uma sensação muito louca, estranha e maravilhosa sair a caminhar sem saber o que vai encontrar. Esses dias encontrei comigo mesma, sentada na beira da praia, lendo sobre fotografia e ouvindo Nina Simone. Fechei meus olhos e tive uma conversa séria sobre esses caminhos tortos. Guapa, tá na hora de parar de te perder de mim. Decidimos ir no bairro Gótico tomar uma caña para aprofundarmos o assunto. Sempre é bom sentar consigo mesma pra um papo. Conversamos, trocamos sorrisos, telefones e disfarçamos o rímel borrado no banheiro. Fomos pra casa juntas. Há tempos que não fazíamos isso.
Na manhã seguinte, recebi um email de uma amiga que amo que acabava assim:
Óh, aproveita o mundo aí e volta. D´us fez a gente nascer em determinado lugar não por acaso, ué! Que história é essa de ficar mudando o destino, brincando de D´us? É aqui que estão tuas raízes, tua família e teus amigos.
Foi bem num momento que tenho pensado muito sobre as coincidências da vida. E certamente, isso não foi uma simples coincidência. As coisas, babe, não acontecem por acaso. Não é por acaso que os planos dão errado. Não é por acaso que os planos dão certo. Não é nada por acaso. É tudo uma conspiração divina e mágica como resposta ao que tu mesmo perguntou. Ação. Reação. Ação de novo. Reação de novo. E tchê, não tô falando que o barbudo lá em cima, sentou em seu troninho voador nas nuvens de algoodão, bateu um papo com Gsus tomando vinho e decidiu que tu ia passar mal com a nega maluca estragada que tava na geladeira. Muito menos que as três velhinhas cegas largaram o mate pra tecer tua certeza momentânea de trair a mulher que tu amava. Não. E tu sabe muito bem disso.
No entanto, falarei sobre isso outro dia. Preciso ir pra rua, pro sol, pra areia, pra grama, pra vida. Ando preferindo sentar na praça ou na praia pra ler, escrever e me ouvir. Mesas, cadeiras, copos quebradiços e olhares barulhentos tem me incomodado um pouco. Talvez seja porque preciso de mais espaço para mim. Talvez tenha enjoado do sorriso fácil do balcão. Talvez porque tenha descoberto um caminho mais fácil de me encontrar. Talvez e talvez não.
Há muito caminho pela frente.
Ainda tenho muito onde me perder.
E quem sabe um dia eu consiga me achar.
20120104
C'est la via, mon cheri.
Ter um mapa de Paris sem rabiscos, amassos e rasgos é ter um mapa de Paris.
Ter um mapa de Paris amassado, rasgado, riscado, sujo e dobrado nos lugares errados é ter vivido um pouquinho de Paris.
E cá estou eu sozinha no trem, com minhas palavras desconexas em francês (afinal abajour, petit pois e dèjá vu não fazem sentido juntos) para a cidade mais romantica (e mais suja e mais turística) da Europa. Claro que escolho os caminhos fáceis e as coisas óbvias mas o importante é ter o que fazer. Sempre fui independente mas sempre adorei ter companhia para partilhar minha independência. É um tanto chato no fim do dia apenas contar das maravilhosas coisas que tu fez. Bom mesmo é jantar lembranças conjuntas e saborear as descobertas na sobremesa.
Tenho um MP3 na bolsa. Posso me isolar no meu mundinho fechando os portões dos headphones. Posso vive um filme com trilha sonora particular. Posso descobrir músicas novas e criar minha lembrança sonora parisiense. E posso ouvir conversas alheias, sotaques diferentes, brigas ou declarações que nunca entenderei. Tens 33 segundo para adivinhar minha opção para a viagem de trem.
Primeira parada: Cimetière du Père Lachaise. É sempre bom ver que a morte chega para todos e lembrar de valorizar a vida sempre mais. (Confesso, fui lá trocar umas palavrinhas com Balzac e pedir pra ele atualizar aquela mulher de 30).
Segunda parada: Montmartre. A locação de uma das cenas clássicas underground mais pop do cinema atual e de uma das imagens mais conhecidas da cultura pop depois da latinha de sopa de tomate (Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain não foi feito em uma praça de mentirinha e Le Chat Noir não é só um gatinho maneiro)
Terceira e última parada: Pigalle. O bairro das putas de luxo, das de não muito luxo, dos balaios Voluntários da Pátria e da pornografia francesa (Moulin Rouge não é um filme e Lojas do Aldo tem em tudo que é lugar).
E é lógico que um dia sozinha sem me perder e ser encontrada no meio da multidão por um gentil turco que me segurou pelo braço e me colocou na esquina de onde eu queria ir não ia ser normal. Pra completar, era só preciso entrar num butecão de gente estranha e educada que tenta ser simpática mas mesmo com esforço não consegue. Completei o pacote (lógico). Ser turista cansa mas eu sei que trabalhar cansa mais.
Acho que estou no meio de uma reunião da máfia mundial parisiense. É uma mistura louca de nacionalidades conversando no balcão num entra e sai do bar. Francês, árabe, italiano, russo e até um pagodeiro da Bonja estão discutindo (ou brigando ou só falando de futebol) aqui perto de mim. Não me sinto em casa mesmo tendo um quê de buteco da esquina.
Saio a caminhar e vou no bar roquenrol que fui com umas amigas outro dia.
The french girl doesn't know how to open the door (like me).
The waitresses asked about my friend. My GIRL friend. Rá! Eu tenho um faro pra gays! It's crazy!
É foda ter que se preocupar com o horário dos outros. Deveria ser proibido proibir. E deveria ser obrigatório ter consideração pelos outros. Estou aqui me divertindo num bar legal, com luz baixa e som bom. Nem vou colocar a parte da cerveja barata por que dai é humilhar geral. E achar tudo isso no bairrinho Amélie Poulin é muito maneiro.
A vida sem graça é para os fracos. Levanta a bunda da cadeira e vai rebolar por ai. Não dói.
E sim, eu achei o melhor bar do universo montmartreano. E não é (de novo) pela cerveja da casa honestíssima, pela decoração totalmente amazing, pela garçonete mega simpática que fala inglês, pelo banheiro limpo e cheio de posteres de festas, pelo roquenrol pegado na medida certa ou pela localização no meio da zona das putas e ao lado do cenário de um filme lindo.
É pela minha felicidade por estar em Paris e pela primeira vez sentar e conversar (comigo mesma, tudo bem) dos meus olhares e das minhas constatações sem comparar com nenhuma parte do universo.
É aquele mapa que está sendo mais uma vez rasgado, amassado e rabiscado. É a vida real que está sendo escrita (ou virgulada) nesse momento. Finalmente me sinto pronta pra ir ali naquele ponto final que colocaram no meu capítulo e chutá-lo para outras páginas.
O livro não acabou, babe. E te prepara: é uma trilogia.
Paris, segundo dia do primeiro mês do décimo segundo ano do segundo milênio - 1.2.12
Ter um mapa de Paris amassado, rasgado, riscado, sujo e dobrado nos lugares errados é ter vivido um pouquinho de Paris.
E cá estou eu sozinha no trem, com minhas palavras desconexas em francês (afinal abajour, petit pois e dèjá vu não fazem sentido juntos) para a cidade mais romantica (e mais suja e mais turística) da Europa. Claro que escolho os caminhos fáceis e as coisas óbvias mas o importante é ter o que fazer. Sempre fui independente mas sempre adorei ter companhia para partilhar minha independência. É um tanto chato no fim do dia apenas contar das maravilhosas coisas que tu fez. Bom mesmo é jantar lembranças conjuntas e saborear as descobertas na sobremesa.
Tenho um MP3 na bolsa. Posso me isolar no meu mundinho fechando os portões dos headphones. Posso vive um filme com trilha sonora particular. Posso descobrir músicas novas e criar minha lembrança sonora parisiense. E posso ouvir conversas alheias, sotaques diferentes, brigas ou declarações que nunca entenderei. Tens 33 segundo para adivinhar minha opção para a viagem de trem.
Primeira parada: Cimetière du Père Lachaise. É sempre bom ver que a morte chega para todos e lembrar de valorizar a vida sempre mais. (Confesso, fui lá trocar umas palavrinhas com Balzac e pedir pra ele atualizar aquela mulher de 30).
Segunda parada: Montmartre. A locação de uma das cenas clássicas underground mais pop do cinema atual e de uma das imagens mais conhecidas da cultura pop depois da latinha de sopa de tomate (Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain não foi feito em uma praça de mentirinha e Le Chat Noir não é só um gatinho maneiro)
Terceira e última parada: Pigalle. O bairro das putas de luxo, das de não muito luxo, dos balaios Voluntários da Pátria e da pornografia francesa (Moulin Rouge não é um filme e Lojas do Aldo tem em tudo que é lugar).
E é lógico que um dia sozinha sem me perder e ser encontrada no meio da multidão por um gentil turco que me segurou pelo braço e me colocou na esquina de onde eu queria ir não ia ser normal. Pra completar, era só preciso entrar num butecão de gente estranha e educada que tenta ser simpática mas mesmo com esforço não consegue. Completei o pacote (lógico). Ser turista cansa mas eu sei que trabalhar cansa mais.
Acho que estou no meio de uma reunião da máfia mundial parisiense. É uma mistura louca de nacionalidades conversando no balcão num entra e sai do bar. Francês, árabe, italiano, russo e até um pagodeiro da Bonja estão discutindo (ou brigando ou só falando de futebol) aqui perto de mim. Não me sinto em casa mesmo tendo um quê de buteco da esquina.
Saio a caminhar e vou no bar roquenrol que fui com umas amigas outro dia.
The french girl doesn't know how to open the door (like me).
The waitresses asked about my friend. My GIRL friend. Rá! Eu tenho um faro pra gays! It's crazy!
É foda ter que se preocupar com o horário dos outros. Deveria ser proibido proibir. E deveria ser obrigatório ter consideração pelos outros. Estou aqui me divertindo num bar legal, com luz baixa e som bom. Nem vou colocar a parte da cerveja barata por que dai é humilhar geral. E achar tudo isso no bairrinho Amélie Poulin é muito maneiro.
A vida sem graça é para os fracos. Levanta a bunda da cadeira e vai rebolar por ai. Não dói.
E sim, eu achei o melhor bar do universo montmartreano. E não é (de novo) pela cerveja da casa honestíssima, pela decoração totalmente amazing, pela garçonete mega simpática que fala inglês, pelo banheiro limpo e cheio de posteres de festas, pelo roquenrol pegado na medida certa ou pela localização no meio da zona das putas e ao lado do cenário de um filme lindo.
É pela minha felicidade por estar em Paris e pela primeira vez sentar e conversar (comigo mesma, tudo bem) dos meus olhares e das minhas constatações sem comparar com nenhuma parte do universo.
É aquele mapa que está sendo mais uma vez rasgado, amassado e rabiscado. É a vida real que está sendo escrita (ou virgulada) nesse momento. Finalmente me sinto pronta pra ir ali naquele ponto final que colocaram no meu capítulo e chutá-lo para outras páginas.
O livro não acabou, babe. E te prepara: é uma trilogia.
Paris, segundo dia do primeiro mês do décimo segundo ano do segundo milênio - 1.2.12
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